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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

IRMÃOS FRANCISCANOS CAPUCHINHOS, OS VERDADEIROS IRMÃOS DA ILHA DO FOGO

Quando em 1525 o Papa Clemente VII concedeu ao Frade Franciscano Mateus de Báscio uma benévola aprovação ao seu estilo de vida de pregador itinerante, esse humilde sacerdote mal trajado, de capuz pontiagudo não podia imaginar que estava a iniciar uma família religiosa de cariz essencialmente solidaria que viria a beneficiar uma pequena ilha tão distante no tempo e no espaço.

A ordem capuchinha, uma das ordens religiosas mais fortes e prestigiadas dentro da igreja católica, tem origem nos ideais de São Francisco de Assis (1182 - 1226), tendo sido oficialmente proclamado no ano de 1528 como uma das ramificações do projecto maior que foi a congregação franciscana.

Embora a ordem tenha mais de 500 anos, os primeiros Capuchinhos desembarcaram em Cabo Verde no ano de 1947, um ano dramático para o povo das ilhas, marcado pelas consequências dos sucessivos anos de seca e fome que grassavam pelas ilhas. Só a ilha de Santiago perdeu mais de metade da sua população entre 1946 e 1948 vitima das estiagens. Efectivamente, encontraram uma situação muito pior do que podiam imaginar. Paralelamente a actividade de evangelização deram inicio a inúmeras acções de cariz social, privilegiando em particular o sector da educação e formação dos jovens. É inegável que a formação moral e intelectual das ilhas deve muito à contribuição da igreja católica ao longo da sua história em Cabo Verde.

A ilha do Fogo desde o início beneficiou-se em muito com a presença dos Padres Capuchinhos, sendo a Escola Materna em São Filipe, uma referencia antiga bem conhecida de todos os foguenses. Hoje, a melhoria da qualidade de vida de grande parte da população do Fogo deve-se em parte à acção solidária e fraterna dos Irmãos Capuchinhos. Sendo a escassez de água potável um dos problemas que mais tem afligido a população, algumas centenas de cisternas foram construídas em toda a ilha mas sem descurar a atenção que sempre dispensaram a educação. Assim foram igualmente edificadas varias escolas e Jardins-Infantis em todo o interior da ilha onde a população é naturalmente mais vulnerável e com menos possibilidades de garantir o ensino pré-escolar aos filhos.

Mas este pequeno texto visa sobretudo destacar dois empreendimentos de grande envergadura frutos da determinação e do trabalho árduo desses soldados da fraternidade. Trata-se do Centro Sócio-Sanitário São Francisco de Assis em São Filipe e do projecto de produção de vinho “Maria Chaves” localizado na zona Sul da ilha.

Mais conhecido como Hospital São Francisco de Assis e localizado nos arredores de São Filipe O Centro Sócio-Sanitário de Cutelo de Açúcar, dispõe de equipamentos modernos e oferece consultas e serviços especializados que antes só eram possíveis na cidade da Praia. Deste modo as evacuações de pacientes do Fogo e da ilha Brava para o Hospital Agostinho Neto reduziram-se substancialmente.

Outro empreendimento de grande utilidade para a ilha do Fogo trata-se do projecto de produção de vinho “Maria Chaves” que prevê a produção de 200 mil litros de vinho ano, garantindo emprego a cerca de 40 chefes de família. Mais de cem mil cepas proveniente de Itália estão já a ser plantados numa área de 25 hectares de terreno, irrigada pelo sistema gota-a-gota. O conhecido vinho do Fogo, sobretudo o branco, é um produto típico de Cabo Verde com boa aceitação quer seja a nível nacional quer seja na diáspora e que conta com um grande pontencial de mercado na emigração. Por conseguinte tem todas as condições de mercado para ser um projecto economicamente viável. A produção actual não tem tido capacidade de resposta a procura interna para não se referir às solicitações da emigração.

Ambos os projectos têm como mentor um grande irmão da Ilha do Fogo, o Padre Octávio Fassano cujo mérito no trabalho em prol da ilha foi reconhecido pelo Presidente da Republica que o condecorou há bem pouco tempo. O Padre Octávio Fassano que tem ainda em carteira um projecto de um auditório para a ilha do Fogo a ser concretizado ainda este ano, é cidadão italiano, e com a sua boa vontade e colaboração de muitos outros, tem feito prodígios na ilha do Fogo, a provar que nem só de politiquices vive uma ilha.

Publicado no Liberal em 06/04/2009
http://liberal.sapo.cv/noticia.asp?idEdicao=64&id=22937&idSeccao=527&Action=noticia

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