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terça-feira, 14 de setembro de 2010

OS DESAFIOS DOS ANOS 90 PARA A EMPRESA NACIONAL


         Vivemos uma época marcada pelo signo da mudança. de uma realidade monolítica transitamos para uma realidade política, económica e social pluralista. Enfim, entramos numa nova era. Esta é, sem dúvida, uma situação muito delicada para as operações de negócios, porquanto se trata de uma mudança de macro-dimensões, envolvendo riscos, incertezas, ameaças e também oportunidades. Admitindo tal pressuposto, não é de se estranhar que, a despeito da tão propalada abertura e extroversão económica, tem-se constatado, com certa desilusão, que o caudal de investimentos, tanto nacional como proveniente do estrangeiro continua minguado. A essência do discurso apologético dos potenciais investidores resume-se nos seguintes pontos:  Ausência de infra-estrutura básica, exiguidade do mercado, escassez de recursos humanos e materiais, deficiências dos meios de transporte e das vias de comunicação, incompatibilidade da legislação pertinente ao sector e, para completar este quadro desencorajador vem a maldita burocracia a emperrar tudo.

         O universo das empresas cabo-verdianas encontra-se diante de um grande desafio cujo triunfo exige, dos gestores, visão estratégica dos negócios. Entramos na era da competição. O sucesso de um empreendimento vai depender muito da actuação firme, pontual e eficiente dos seus dirigentes. Para tal é extremamente oportuno e fundamental que cada empresa proceda a uma análise exaustiva das variáveis do seu ambiente interno e externo.

         A análise interna deve abranger todos os sectores da organização e ser orientada no sentido de identificar os pontos fortes e fracos da empresa capacitando a direcção a empreender medidas concretas que visem, por um lado, a minorar os efeitos maléficos dos pontos fracos , e por outro, a propiciar condições que possibilitem o usufruto dos pontos fortes na sua plenitude. Não só o momento actual, como os próximos anos, aconselham uma gestão e estrutura flexíveis, descentralização do processo  de tomada de decisões e, sobretudo, a profissionalização da administração das empresas. A empresa familiar tem poucas hipóteses de competir no mercado de livre concorrência. Efectivamente, as pequenas empresas são mais vulneráveis às influências das variações ambientais e, sua capacidade de aguentar uma concorrência acirrada é bastante limitada. A análise externa deve enfocar os principais componentes do seu segmento de mercado (os concorrentes, os fornecedores, os clientes, entre outros), objectivando a conhecer e identificar as oportunidades e ameaças existentes e/ou potenciais.

         A administração estratégica, orientada no sentido de se estabelecer uma articulação engenhosa entre as possibilidades internas e as vantagens do mercado, poderá proporcionar resultados altamente positivos para  a empresa. A chave do sucesso dos negócios da empresa vai ser uma função da sua capacidade e habilidade em se adaptar às exigências do mercado. As organizações que permanecerem insensíveis às mutações mercadológicas, além de que não terão nenhuma hipótese de crescimento, caminharão semelhante às espécies que em contacto com o meio natural hostil, não podendo se adaptar às condições climáticas, desapareceram. Por conseguinte, quanto mais hábil for uma empresa em responder às solicitações do ambiente externo, maiores chances se lhes abre de usufruir as oportunidades ambientais e, logicamente, de empreender o seu desenvolvimento. A expansão da procura, a possibilidade de maior segmentação do mercado e, a existência de nichos mercadológicos identificados são alguns exemplos das possíveis oportunidades.

         O processo de acomodação mercadológica requer, à priori, a definição de uma nova filosofia de gestão. A ideia hoje reinante pode assim ser resumida: «Os clientes têm necessidade dos nossos serviços e/ou produtos, por isso, eles é que nos  vêm procurar e, devem contentar-se com o que lhes oferecemos». A nova filosofia deve inverter os termos: «Precisamos dos nossos clientes, por isso devemos fazer tudo para atraí-los». A expressão «fazer tudo» refere-se a uma maior integração entre produtividade, qualidade e acção mercadológica pelo que não deve ser entendida como uma forma truculenta de atrair a clientela.

         A projecção de algumas variáveis ambientais permite esboçar o cenário que se segue com o qual, certamente, as empresas terão que conviver:

         1. Expansão da concorrência.  A disputa do mercado será mais acirrada e altamente competitiva exigindo, de cada adversário, uma actuação mais vigorosa no seu segmento de mercado. Se a empresa negligenciar este aspecto, se o seu executivo fechar os olhos e deixar esmorecer a sua presença no mercado, acabará por perder o seu quinhão. A propaganda intensiva figurará como uma das armas dessa batalha. Papel relevante caberá ao departamento de marketing cuja atenção deverá se concentrar no binómio produto-mercado procurando sempre, estabelecer uma relação de mútua satisfação entre a clientela e a empresa. Através do Sistema de Informações Mercadológicas, a informação deve fluir, em tempo hábil, para os centros de decisão de forma a suprir o processo de tomada de decisões. As actividades dos concorrentes, o comportamento dos consumidores e a tendência do mercado são, entre outros, factos que o gestor não pode ignorar.

         2. Pressões do mercado consumidor. O facto de existir no mercado vários sucedâneos dá ao consumidor uma liberdade de escolha. Tendo várias opções, as suas exigências com relação à qualidade dos produtos , à prestação de serviços e á assistência pós-venda serão cada vez maiores.

         3. Aperto da actividade sindical. Os sindicatos atingirão um nível mais elevado de organização e, por conseguinte, terão mais força para reivindicar os legítimos direitos dos trabalhadores. A empresa terá necessidade de desenvolver habilidades para levar a cabo negociações colectivas, sobretudo em caso de ameaças de greve.

         Como enfrentar e vencer tantas turbulências? O instrumento de navegação empresarial mais indicado para esta situação é o Planejamento Estratégico.

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