Páginas

quarta-feira, 27 de abril de 2011

O XEFI

Quando McGregor concebeu a TEORIA X, estaria, este pensador americano, a imaginar um Chefe com X? É bem provável. Veja o que uma jornalista da destak.pt, Isabel Stilwell, nos diz sobre este assunto num artigo intitulado "Maus chefes provocam ataques de coração", trecho que com devida vénia transcrevo aqui.

“... se quer mesmo garantir a sua sobrevivência, e apesar da dificuldade em encontrar novos empregos, fuja a sete pés dos chefes incompetentes, irascíveis e injustos, porque o efeito desta gente sobre a sua saúde pode revelar-se mortal. Pelo menos é o que diz o estudo de uma equipa sueca que acompanhou mais de 3 mil trabalhadores homens, com idades entre os 18 e os 70 anos.

A primeira tarefa pedida às cobaias foi a de que avaliassem a competência e o carácter de quem geria o seu trabalho. Depois, durante uma década, a sua saúde foi sendo avaliada, registando-se neste período 74 casos de empregados vítimas de problemas cardíacos graves, nalguns casos até fatais. Do estudo à lupa de todo este trabalho, foi possível perceber que existe, de facto, uma relação directa entre a doença e os maus chefes. Era esse o factor de risco que todos tinham em comum, e que assumia mais peso do que factores de risco como o tabaco, ou a falta de exercício.

Descobriram, ainda, que o efeito que um incompetente a mandar provoca é cumulativo, ou seja, se trabalhar para um idiota aumenta em 25% a probabilidade de um enfarte, essa probabilidade crescia para 64% se o trabalhador se mantivesse naquela situação por mais de quatro anos.

A explicação é relativamente simples: quando alguém se sente desvalorizado, sem apoio, injustiçado e traído, entra em stress agudo que leva à hipertensão e a outros distúrbios que deterioram a saúde do trabalhador. Daí a importância do apelo que estes especialistas fazem de que as estruturas estejam atentas e «abatam» rapidamente os chefes que não merecem sê-lo.”

De facto, o chefe “tipo Xerife” preocupa, não com decisões estratégicas de gestão, mas sim, com medidas de coacção e de controles burocráticos. Desperdiça tempo e recursos com pormenores sem muita expressão, implementando, aprimorando ou desenvolvendo ferramentas que lhe permite controlar situações rotineiras, aspectos de natureza puramente secundaria que não agregam valor ao resultado final da organização, servindo tão somente para aporrinhar a vida dos outros.

É sabido que o sucesso de uma organização depende em grande parte da capacidade de liderança de quem a dirige. Entretanto existe uma grande diferença entre um “chefe” e um “líder”. Chefe é alguém que exerce uma autoridade administrativa para defender interesses burocráticos, enquanto que o Líder é uma pessoa que, em virtude das suas capacidades de comunicação e de exercer influencia sobre os outros, dirige a organização com a participação activa dos seus membros, procurando sempre alcançar um objectivo que dignifique a organização.

1 comentário:

  1. BRILHANTE, ACTUAL, OPORTUNO! COM EFEITO, EM PLENO SÉCULO XXI, NESTE NOSSO TORRÃOZINHO QUE SE GABA DE IMITAR COISAS BOAS QUE VÊM DE FORA, UMA GRANDE MAIORIA DOS NOSSOS GESTORES (CHEFES COM X) VÊM UTILIZANDO, DE FORMA PREMEDITADA E PERVERSA, AS PRERROGATIVAS DE GESTÃO PARA AGIR COM ÓDIO E VINGANÇA BARATA SOBRE OS SUBORDINADOS, AO MESMO TEMPO QUE PROCURA INSTALAR DE FORMA SURDINA O CLIENTELISMO EM NOME DE INTERESSES DE GRUPO E EM DETRIMENTO DOS INTERESSES DA ORGANIZAÇÃO QUE DEVIAM DEFENDER E PELA QUAL SÃO PAGOS, COM A CONIVENCIA TRANQUILA DE QUEM OS NOMEIA PARA PROTEGER OS CHAMADOS "SUPERIORES INTERESSES DO PAÍS"! É PENA QUE CONTINUEMOS A PREVILEGIAR ESSE PERFIL DE COMPORTAMENTO NAS NOSSAS EMPRESAS EM CABO VERDE, EM CONTRAPONTO COM AS MODERNAS PRÁTICAS DE GESTÃO QUE PROPUGNA PELA DEFESA INTRANSIGENTE DA PRODUTIVIDADE E DO SUCESSO ORGANIZACIONAL...
    ENTRE aquilo que dizemos e escrevemos e a prática corrente, fica o hiato e a esperança de todos encontrarmos, um dia, o melhor caminho! Esse dia vai chegar, against all odds!

    ResponderEliminar